Caso clínico: Fritz
A pancreatite felina é um potencial desastre metabólico particularmente nos gatos dada as particularidades dos seu metabolismo.
O “Fritz”, gato castrado de 12 anos de idade, apresentou-se à consulta com história de anorexia parcial desde há uma semana, vómito e fezes moles.
Ao exame clínico detectou-se desidratação considerável e pêlo pouco cuidado.
As análises realizadas demonstraram alteração das enzimas hepáticas (fosfatase alcalina e ALT), bem como hiperbilirrubinémia (já expectável devido à coloração amarelada do soro).
Tendo em conta a sintomatologia e alterações laboratoriais, pensou-se nas seguintes patologias: colangite/lipidose hepática, pancreatite, IBD.
Foi realizada ecografia, que revelou alterações pancreáticas compatíveis com pancreatite, alterações no parênquima hepático (lipidose/colangiohepatite) e enterite. Nos gatos é comum a apresentação simultânea destas três patologias, devido a sua anatomia.
O exame ecográfico do pâncreas felino tem menor sensibilidade que na pancreatite canina. Neste caso a exuberância das alterações bem como a ocorrência de peritonite localizada associada aumentaram esta sensibilidade.
O animal ficou internado para fluidoterapia, controlo do vómito e da dor.
Uma vez que não estava a comer voluntariamente, tentou-se inicialmente a alimentação forçada por via oral. No entanto, o “Fritz” não tolerou este método, e havendo o risco de agravamento da doença hepática, optou-se pela colocação de um tubo gástrico com prolongamento para o jejuno. As sondas de alimentação permitem suprir as necessidades energéticas do animal sem incómodo para o mesmo, ajudando a uma recuperação mais rápida.
Neste momento o “Fritz” está a ser alimentado através da sonda com sucesso, o que melhora o prognóstico a longo prazo.